Quando nos dedicamos, com o coração, à busca do autoconhecimento,
é inevitável que chegue um instante
em que algumas mentiras que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais.
Os disfarces até então utilizados para fortalecer o nosso autoengano já não nos servem.
Inábeis com a paisagem aos poucos revelada,
às vezes ainda tentamos nos apegar a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos ser com as novidades,
por mais libertadoras que sejam.
É em vão.
Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos caminhos.
Existem portas que se desmancham após serem atravessadas,
como sonhos que se dissolvem ao acordarmos.
Não há como retornar ao lugar onde a nossa vida dormia antes de cruzá-las.
Da estreiteza à expansão.
Da semente à flor.
Do casulo às asas, ensinam as borboletas.
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