Quando acordei esta manhã no quarto úmido e escuro,
ouvindo o tamborilar da chuva por todos os lados,
tive a impressão de que havia sarado.
Estava curada das palpitações no coração que me atormentaram nos últimos dois dias, praticamente impedindo que eu lesse,
pensasse ou mesmo levasse a mão ao peito.
Um pássaro alucinado se debatia lá dentro, preso na gaiola de osso,
disposto a rompê-lo e sair, sacudindo meu corpo inteiro a cada tentativa.
Senti vontade de golpear meu coração,
arrancá-lo para deter aquela pulsação ridícula que parecia querer saltar do meu coração e sair pelo mundo, seguindo seu próprio rumo.
Deitada, com a mão entre os seios, alegrei-me por acordar e sentir a batida tranquila,
ritmada e quase imperceptível de meu coração em repouso.
Levantei-me, esperando a cada momento ser novamente atormentada,
mas isso não ocorreu.
Desde que acordei estou em paz.
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