A saudade é esse passarinho que vem de leve e pousa no nosso coração trazendo lembranças, como um colibri que beija a flor e traz beleza.
E ela nem escolhe hora ou lugar, só aparece assim, invadindo inteiramente esse espaço que consideramos reservado às pessoas ou ocasiões especiais.
Mas se existe saudade, é porque existem sementinhas de ternura plantadas em nós;
pedacinhos de coisas boas, que talvez nem tenham ficado muito tempo,
mas o suficiente para deixar um rastro, um sabor, uma marca, um perfume.
Outro dia, falando sobre a saudade que sinto da minha família virtual,
ouvi, com surpresa, alguém dizer que não é possível sentir saudade de pessoas que nunca vimos. E como não? Que nome dar então a essa falta,
esse vazio nostálgico, dolorido e bom que invade a alma e toma conta do momento?
Essa viagem que fazemos sem malas e documentos e que nos leva e nos trás,
cheios de amor e de não sei o quê?
A saudade é uma prova, um certificado, carimbado e assinado embaixo de que não estamos inteiramente sós e nem vazios.
As pessoas vêm e vão e ficam assim se prolongando em nós, existindo pela eternidade do nosso caminho.
E amanhã ou depois, quando tudo o que sobrar em nós forem pedaços do passado, teremos esse coração rico em histórias que nos farão rir sozinhos e nos sentir vivos.
São essas as peças que os verdadeiros amigos pregam ao nosso coração.
Caímos nessa armadilha e ainda nos divertimos.
Aprendemos assim que sentir saudade é respirar o amor que plantaram em nós.
É viver depois repletos desse amor para a vida toda.
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