sábado, 2 de outubro de 2010

Palavras - Eugênio de Andrade


"São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos ?
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves,
Tecidas
são de luz e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"

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