UMA COLETÂNEA DE PENSAMENTOS É UMA FARMÁCIA MORAL ONDE SE ENCONTRAM REMÉDIOS PARA TODOS OS MALES - Voltaire
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Adiamento - Fernando Pessoa

Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de Domingo divertia-se toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de Domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é o que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã..
O porvir...
Sim, o porvir..
Amor, meu grande amor - Angela Ro Ro e Ana Terra

Não chegue na hora marcada
Assim como as canções
Como as paixões
E as palavras...
Me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo
Ou se sou água...
Amor, meu grande amor
Me chegue assim
Bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir
O que não sente...
Pois tudo o que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim, até o começo...
Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira...
Enquanto me tiver
Que eu seja
O último e o primeiro
E quando eu te encontrar
Meu grande amor
Me reconheça...
sábado, 28 de novembro de 2009
Sentir os segundos - Frederico Moccia

quando não temos tanta pressa,
quando conseguimos parar.
E sorrir. E compreender. E fechar os olhos.
E sentir até os segundos que passam por nós.
E saber vivê-los até o fim.
E saboreá-los com um sorriso,
com uma preocupação,
com uma esperança,
com uma vontade,
com clareza,
com qualquer coisa.
Mas saboreá-los…”
in "Desculpa se eu te chamo de amor"
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Apenas mais uma de amor - Lulu Santos e Nelson Motta

Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer
Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber
P.S. - Recebi essa canção por msn hj, apaixonante....
A mulher - Florbela Espanca

Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!
Foto: Frida Khalo
A vida - Florbela Espanca

Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo" Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!
Lágrimas Ocultas - Florbela Espanca

Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Passado, presente e futuro - José Saramago

Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
in "Os Poemas Possíveis"
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Cadeira de balanço no lugar do Divã - Carpinejar

- É que não fui amamentado quando nasci. Não suporto manha de mercado, muito menos crise infantil na meia-idade. Minha vontade é buscar um litro de leite e derramar num prato de sopa.
- Toma, toma até o fim! Criança gosta de drama, adulto gosta de transformar o drama em trauma. É sempre uma desculpa lá atrás para fundamentar uma preguiça e esclarecer um vício. As sutilezas, os detalhes, a normalidade, a rotina são esquecidos. Buscamos somente o estilete no estojo de madeira de nossa infância. Aquilo que corta. Deixamos os lápis coloridos sem nenhum uso. E olha que estavam apontados na última vez que os vi, em novembro de 1984. Psicologizamos em demasiado a memória, a ponto de somente lembrar o que tem impacto. Nossas dores nos tornam reacionários.
O verdadeiro revolucionário é o que ultrapassa sua dor e mexe na alegria.
Tanto que não entendo como os terapeutas continuam usando o mesmo mobiliário de Freud:
o divã, o abajur, a escrivaninha, a estante com livros. Igualzinho ao escritório do médico austríaco do princípio do século passado. Não há um decorador na psicologia? Velho por velho, por que não colocar uma cadeira de balanço? Não troco a cadeira de balanço pelo divã. Com o ritmo e o balanço, falarei bem mais do que deitado. Cadeira de balanço é feita para amamentação. Minha mãe me acolheu em seu trançado de vime. Guardo até hoje em minha casa. Serviu aos meus filhos, servirá aos meus netos. Adequada para cólicas e para os choros. Deveria ser enquadrada como um brinquedo, constar na praça ao lado do gira-gira e do escorregador. Tem um andamento precioso de charrete. Criança não dorme mais fácil no carro? Cadeira de balanço é movimento enternecido, um pedalinho dos ventos.
Mas voltando ao início: o que me irrita na lamúria de quem não foi amamentado é que ninguém evoca a mãe. A mãe é apagada dos problemas. Desculpa, a mãe torna-se o problema. É ela é que não amamentou. Parece que fez de propósito, careceu de vontade, de ânimo, de persistência. Nas campanhas de saúde e prevenção, escuta-se a obrigatoriedade de dar o leite para seu filho. É claro que toda mãe quer. Algumas não podem. E quem pensa nelas? São menos mães?
A maternidade sofre nos meses iniciais em seguida ao parto. Recebe nas costas uma pressão social maior do que o casamento e o baile de debutantes juntos. Depois de superar a apreensão se a criança nascerá bem, arca com a ansiedade do primeiro aleitamento. Subirá leite? Terá condições de alimentar o bebê? Ela é normal? Ao fracassar, é como se a criança a recusasse.
Uma frustração seca. Sem raízes.
Na falta de leite materno, ofereça o colo para sua mãe. É ela que precisa.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Voltar atrás... - Ally Carter

—ser ignorante, bem-aventurada e feliz—
se eu pudesse viver uma vida de cerquinhas de madeira branca
em uma rua de cerquinhas de madeira branca
e não saber dos fatos desagradáveis,
isso teria que ser feito em lugares que a maioria das pessoas não podia encontrar em um mapa? Eu não sabia.
Talvez eu pudesse se minha mente fosse como aquele quadros de traço mágico
e eu pudesse chacoalhar e apagar tudo que sabia.
Mas eu estou muito dentro agora.
Eu sei o que acontece na noite,
e sei como combater.
in Gallager Girls I
Palavras - José Saramago

vão-se juntando umas com as outras,
parece que não sabem aonde querem ir,
e de repente, por causa de duas ou três,
ou quatro que de repente saem,
simples em si mesmas,
um pronome pessoal, um advérbio,
um verbo, um adjetivo,
e aí temos a comoção a subir irresistível à superfície da pele e dos olhos,
a estalar a compostura dos sentimentos,
às vezes são os nervos que não podem aguentar mais,
suportaram muito, suportaram tudo,
era como se levassem uma armadura..."
in Ensaio Sobre a Cegueira
Ninguém me conhece... - Fernanda Young

Não realmente.
Os que mais sabem não sabem da metade.
Não deixo todos os segredos escaparem de mim, não mesmo.
Uma delicadeza com os outros, eu diria,
pois não quero assustar as pessoas com meu passado.
Em especial aquelas que continuaram gostando de mim após o pouco que souberam.
Mesmo porque aquela, que fez aquilo, nao está mais aqui.
Eu sou literalmente outra.
sábado, 21 de novembro de 2009
Paciência - Lenine e Dudu Falcão

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não)
Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não...a vida não para)
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Cada pedaço de mim... - Clarice Lispector

ser cor nos cinzas dos edifícios,
ser luz na escuridão das manhãs.
Cada todo de ti sabe a delícia que é ser flor nas asas do vento,
ser cristal nos olhos das fadas,
ser azul no fundo do mar.
Cada suspiro de nós sabe a angústia que é ser só um na multidão dos dias,
ser muito na pobreza da esquina,
ser ninguém na roda da vida.
Enquanto isso os relógios se vão,
e vêem aqueles que sabem o que é apenas ser na ausência do nada".
Viver - Clarice Lispector

respeite suas exigências,
respeite mesmo o que é ruim em você
- respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você -
pelo amor de Deus,
não queira fazer de você uma pessoa perfeita
- não copie uma pessoa ideal, copie você mesma -
é esse o único meio de viver."
Anúncio - Clarice Lispector

vou pôr um anúncio em negrito:
" Precisa-se de alguém homem ou mulher
que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la."
Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria.
É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais.
Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere.
Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande
Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria.
É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais.
Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere.
Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande
que se tem que a repartir antes que se transforme em drama.
Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo.
Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar.
Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo.
Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar.
P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros.
Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Pratinho do vaso - Carpinejar
Três pratos. De diferentes cores, de azulejo e barro.
O vendedor me considerou excêntrico pela modéstia do apelo.
Procurou enfiar orquídeas olheira abaixo, recusei os arranjos coloridos.
Como uma abelha que não larga a lâmpada pela obsessão do sol.
Logo me dispensou para o caixa, viu de cara que não tinha potencial aquisitivo.
Ele apressou a interrogação do "só isso" e logo fechou a encomenda.
Estamos tão consumistas que nos desculpamos por comprar pouco (ou nada).
Estamos tão consumistas que nos desculpamos por comprar pouco (ou nada).
Imagina o atendente perder tempo com a gente? Gentileza hoje é comissão.
Idêntica culpa diante do motorista de táxi com a corrida curta.
Quase suplicamos por favor, se ele pode nos levar. Não há mais pobreza genuína no mundo, unicamente pobreza disfarçada. O cartão de crédito fantasiou a miséria.
Não receio pedir pouco. O pouco é que me basta. O pouquíssimo transborda.
Eu me sinto essencial lembrando o desnecessário. Ouvindo o suspiro dentro do vento.
Ninguém dá valor ao pratinho das plantas que racha na mudança de lugar e não é reparado, muito menos reposto. Eu não vivo sem eles. É como faltar talheres para um membro da família. É o pratinho de vaso que me mantém acordado. Deslumbrado pela sua fugacidade.
Porque amanhã terei que me lembrar novamente. E depois da amanhã. E sempre.
O amor é o que não lembramos para continuar lembrando.
Como pedir ao filho escovar os dentes ou insistir que faça os temas.
Todo dia será exaustivamente igual: é uma atenção renovada, não exclusiva.
Uma dedicação nula. Uma devoção secreta que não traz fama e reconhecimento.
Coisas simples que não podem ser contadas ou glorificadas durante a semana.
Que são apagadas no mesmo momento do ato.
Não irei ao bar proclamar aos colegas de que dobrei as calças antes de sair
e organizei as camisas pela antiguidade.
É o que me põe apaixonado numa mulher: o pratinho do vaso.
O que é sem graça, o que somente protege, mas que é confidente das raízes.
O quanto ela é capaz de estar ao seu lado sem que necessite imortalidade.
O quanto me torno observador das inutilidades.
Falei inutilidades, pois é, não errei a digitação, quem ama conserva as inutilidades.
Os interesseiros e ambiciosos guardarão as informações essenciais como nascimento e medidas. Veja se um homem a quer quando se interessa porque aquilo que não gera interesse.
O fútil é o fundamental. No momento em que o desejo não descobre o que é importante e preserva tudo. O pratinho do vaso do relacionamento está em saber o xampu que ela usa, o restaurante preferido, o doce da infância, sua mania de comer aipim com mel,
o azeite (não é qualquer um), as perguntas que detesta ouvir,
como ela gosta de amassar o travesseiro, de que modo escolhe as roupas:
se nua ou já com a lingerie, quais os insetos que tem medo,
o que não pode deixar de assistir na tevê, o drinque preferido,
os amigos da choradeira, os amigos do riso, o que toma no café da manhã,
qual a fruteira de sua confiança.
O pratinho do vaso é o que fica da tempestade. Não tinha como explicar ao vendedor.
Ele é que conhece as flores.
Assim que preciso de ti - Pablo Nerruda

assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas os cabelos
e como a tua boca sorri,
ágil como a água da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei,
nem donde vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu
pão e luz e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita de luz e pão e sombra,
eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem
ou viro que não lhes direi,
que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor,
uma folha que há de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.
Gentilezas - Francis Bacon

isto mostra que ele é um cidadão do mundo,
e que seu coração não é uma ilha que foi arrancada de outras terras,
mas um continente que se une a eles."
Terapia e chá - Brian Weiss

O passado já se foi, aprenda com ele e desapegue-se dele.
O futuro ainda não está aqui.
Faça planos para vivê-lo, mas não se preocupe a respeito.
A preocupação gasta intuilmente seu tempo e sua energia.
Vou repetir uma história que já contei antes,
mas que talvez mereça uma reflexão diária na nossa luta contra a correria e a dispersão:
'Tich Nhat Hanh, um monge budista vietnamita,
ensina como se deve apreciar uma boa xícara de chá.
Sentir o calor da xícara, apreciar o colorido da infusão, aspirar seu perfume,
degustar lentamente cada gole.
Se você fica remoendo eventos passados, ou preocupando-se com os futuros,
de repente vai se dar conta de quebebeu todo o chá sem perceber.
A vida é como uma xícara de chá.'...
Quando você não vivencia o presente,
porque fica absorvido pelo passado ou preocupado com o futuro,
você traz grande dor para o seu coração e sofrimento para sua vida.
Muitas pessoas vêm ao meu consultório em busca de terapia.
Elas podem estar procurando ajuda para determinado sintoma ou problema de relacionamento. Mas podem também estar apenas desejando mais alegria em suas vidas,
mais satisfação, mais compreensão.
Esses são objetivos realmente valiosos.
Por isso é preciso tomar cuidado com o preconceito relativo à terapia, porque ele pode impedir-nos de procurar a ajuda de que necessitamos.
Muitos daqueles que criticam quem busca uma terapia são os que mais precisam dela,
mas não estão conscientes o bastante para compreender isso.
in "A Divina sabedoria dos Mestres"
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Autoridade e limite - Lya Luft
Nós, mulheres - Tais Luso de Carvalho

Pois é, mas não estamos com toda essa bolinha apesar de sermos bombardeadas por uma mídia que apela para sermos a “Mulher-Maravilha”, custe o que custar. E não tendo muita estrutura para agüentarmos tal imposição, saímos desatinadas à procura da academia mais próxima ou de uma clínica que nos ofereça “o pacote milagroso”, ou seja, a promessa de virarmos um mulherão, pelo menos em termos de beleza.
Malhamos como loucas, e, muitas vezes, saímos da academia com a sensação de termos virado uma Barbie. Já estamos com a cabeça feita: mulher tem de ser magra, esquelética, quase anoréxica.Está tudo à nossa disposição: desde aulinhas cafonas, ensinando como sermos mais sensuais, até um festival de implantes de silicone.
Sensualidade não se aprende, é algo espontâneo. Cada mulher tem a sua peculiaridade; se não agradar aos gregos, agradará aos troianos...
O cuidado com nosso corpo é necessário, mas parece que perdemos o sentido exato das coisas. Estamos parecidas com robôs: cabelos iguais, lisos e repartidos; barrigas à mostra de todos os tamanhos e formas; muito silicone alterando medidas equilibradas ou muitas vezes nos impedindo de sorrir, travando nossa expressão facial.
Enfim, estamos uniformizadas; parece-me que fazemos parte de uma única escola, tudo cai bem para todas: o que veste a magra, a gorducha abocanha. E mais: temos ainda como opção, a lipoescultura. Essa técnica nos dá, de imediato, o contorno corporal adequado. Fantástico! Mas nada contra a lipoescultura: falo do exagero. E falo daqueles peitinhos horrorosos - que não são seios - de 400ml de silicone carregando frágeis criaturas parecendo embuchadas.
Mas depois de estarmos belas e formosas, de termos comido o pão que o diabo amassou, saímos a desfilar em companhia do nosso barrigudo, careca e gordo. Mas sendo homem, tá feito o embrulho; ma-ra-vi-lha! E não tem jeito: haverá sempre um atenuante para esses lindos gorduchinhos, pois mulher quando gosta, mascara. É uma atitude singular. Somos diferenciadas: trazemos à nossa vida amorosa, aquela coisa de mãe, gostamos apesar de feios, gordos e barrigudos. Por isso é que muitos estão tão à vontade...
Porém o contrário raramente ocorre: “A gorda tem namorado? Bá... o cara tá doente!”.
Mas falando sério, e apesar dessas firulas, podemos nos orgulhar diante da luta pela nossa emancipação.
A nossa verdadeira história é marcada a ferro e fogo à procura de um espaço nobre, seja nas artes, na literatura ou em outras áreas. Somos um Exército avançando e tomando posse do que nos é devido. Nada mais justo. E não seremos “desaforadas” por pretendermos chegar a um cargo maior...
Bom seria se fôssemos reconhecidas pelo que escrevemos ou falamos e não por termos lábios carnudos, peitos enormes e bumbum empinado.
Bom seria se fôssemos reconhecidas como profissionais capacitadas nas áreas técnicas com o mesmo reconhecimento e remuneração dispensada aos homens.
Bom seria se, após uma vida de trabalho, não sentíssemos o desconforto por estarmos aposentadas e o vazio de uma vida vista como improdutiva.
Bom seria se fosse reconhecido o nosso espírito de abnegação.Bom seria se, na velhice, fôssemos cercadas de atenções, de paciência e de amor.
Bom seria, se tivéssemos o reconhecimento dos filhos, como mães amorosas que tentaram acertar...
Mas ótimo seria se, na condição de mulher, não precisássemos matar um leão por dia para provar do que somos capazes.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Tolerância - José Saramago
e permitir que ele seja diferente,
ainda é muito pouco.
Quando se tolera,
apenas se concede,
e essa não é uma relação de igualdade,
mas de superioridade de um sobre o outro".
Desassossego - Bernardo Soares

capaz de impulsos violentos e absorventes,
maus e bons, nobres e vis,
mas nunca de um sentimento que subsista,
nunca de uma emoção que continue,
e entre para a substância da alma.
Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa;
uma impaciência da alma consigo mesma,
como com uma criança inoportuna;
um desassossego sempre crescente e sempre igual.
Tudo me interessa e nada me prende.
do Livro do Desassossego
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Bilhete com endereço - Mário Quintana
à distância, num teleamor ?!
Num amor de longe…
Eu sonho é um amor pertinho…
E depois esse calor humano
é uma coisa que todos- até os executivos têm
É algo que acaba se perdendo
no ar, no vento
No frio que agora faz…Escuta!
O que eu quero
O que eu amo
O que eu desejo em ti
É teu calor animal…
In: Baú de Espantos
Aluna - Cecília Meirelles

para, quando me encontrares,
veres que ainda tenho uns ares
de aluna do paraíso...
Leva sempre a minha imagem
a submissa rebeldia
dos que estudam todo o dia
sem chegar à aprendizagem...
- e, de salas interiores,
por altíssimas janelas,
descobrem coisas mais belas,
rindo-se dos professores...
Gastarei meu tempo inteiro
nessa brincadeira triste;
mas na escola não existe
mais do que pena e tinteiro!
E toda a humana docência
para inventar-me um ofício
ou morre sem exercício
ou se perde na experiência...
in "Vaga Poesia"
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Mágoas - Shakespeare

terminam os males que as esperanças alimentavam.
Lamentar um sofrimento do passado
é dar um passo no sentido de atrair um novo mal.
Quando o destino leva algo que não podemos preservar,
o melhor é deixar que a paciência zombe do infortúnio.
O sorriso de quem é roubado rouba algo ao ladrão;
aquele que dá margem a mágoas inúteis
rouba-se a si próprio."
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Migalhas - Paulo Roberto Gaefke

escolha a melhor!
leve para casa a mais suculenta, mais brilhante, mais doce.
Se é para ir ao açougue, e se o dinheiro dá,
leve a melhor carne,
se pode comprar filet-mignon vai levar “coxão-duro” para o bife?
Vai comprar uma roupa?
Então escolha o melhor tecido, o melhor caimento e por favor:
escolha o número que se ajuste ao seu corpo.
Na hora do perfume, gosto não se discute, cada um com o seu,
mas por favor, não exagere, perfume é complemento, não é banho.
Vai prestar um concurso?
Então primeiro estude, depois faça promessa,
porque eu te garanto, nenhum “santo” ,“vai descer” em você para fazer a sua prova.
Todo mundo quer o melhor da vida!
Mas, poucos sabem o que é “o melhor”.
Nos pedidos que fazem aos céus são infantis,
acham que voltar com tal pessoa é o máximo,
quando poderiam pedir para conhecer alguém
que realmente valha a pena.
Muitos “bacharéis” estão tentando uma vaga de gari na prefeitura do Rio,
tentando roubar a oportunidade de quem precisa ser “gari”.
E pode apostar, “vai chover” promessa para passar no concurso.
Gente desistindo da luta no meio do caminho,
gente topando “qualquer coisa” para “ser feliz”,
dando dízimo da aposentadoria da mãe,
comprando fitinha benzida pelo “sei lá quem”,
e a auto-estima no chão, derrubada, vazia.
É hora de acreditar no seu potencial!
É hora de pedir caviar aos céus,
acreditando que você merece o melhor.
É hora de deixar o vale da lamentação, dos gemidos,
das doenças imaginárias e virar o jogo.
CHEGA!
Chega de sofrer até pelo que não existe!
Só você, criatura divina, pode mudar o seu jogo.
Não tem pastor, santo, anjo, padre abençoado,
nem fita mágica que dê um jeito em quem não quer ter jeito!
Faça a sua parte, desperte, lute!
Caiu? levante!
escorregou? apoie-se!
errou? peça perdão e recomece.
chorou? limpe o rosto e prossiga!
doeu? assopre e siga!
tá sem rumo? Compre um guia.
Amou? que bom, aprendeu o valor do amor.
Não deu certo? comece de novo.
É este o dia certo, para a pessoa certa, na hora certa:
você é a pessoa certa, na hora certa, no dia certo.
O resto é confusão mental.
Por favor, queira ser feliz e lute por esse direito,
a vitória só depende de você, não aceite migalhas!
Entendendo a rejeição - Pascal Brukner

é ser punido por ter desejado fazer ao outro todo o bem possível,
amando-o;
é um castigo não por uma falta mas por uma oferenda recusada.
E o não que recebem os reprovados do amor é sem recurso;
eles não podem acusar o outro,
são devolvidos ao seu próprio abandono.
in "A Tentação da Inocência" pg. 174.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Assumir o risco de enfrentar algo maior que nós - Eduardo Carmello

E é preciso confessar que às vezes fugimos deles.
É fácil nos desviarmos de nossas responsabilidades
e lançarmos a culpa dos nossos dissabores nos outros.
É fácil também dizer que entre os seres humanos isso é absolutamente natural.
Essa atitude, porém, é pouco eficiente.
É fácil também dizer que entre os seres humanos isso é absolutamente natural.
Essa atitude, porém, é pouco eficiente.
Por isso sempre é preciso buscar muita coragem e força para revelar pensamentos,
sentimentos e idéias de maneira aberta, sincera e honesta, procurando enfrentar os desafios. Para isso inspire-se em heróis, guerreiros e aventureiros.
Ao conhecê-los profundamente,
Ao conhecê-los profundamente,
você descobre que muitos também fugiram de suas adversidades.
Contudo, por mais que a fuga parecesse o melhor caminho,
havia sempre um incômodo e uma insatisfação em sua mente
e em seu coração que os faziam voltar e encarar firmemente a situação,
adentrando a misteriosa e perigosa jornada rumo ao desconhecido.
Portanto, o herói ensina que a motivação para enfrentar a adversidade
Portanto, o herói ensina que a motivação para enfrentar a adversidade
está na coragem de assumir o risco de perder tudo,
por algo que faça valer a pena viver.
do livro “Supere! A arte de lidar com as adversidades”
Amor maior - Rogério Flausino

Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho só
Não é possível...
É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro prá fora
Amor que eu desconheço...
Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu...
Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho assim
Não é possível...
É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Um amor de dentro prá fora
Um amor que eu desconheço...
Quero um amor maior
Um amor maior que eu (Que eeeeeu!)
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que euYeah! Yeah! Yeah!...
Então seguirei
Meu coração até o fim
Prá saber se é amor
Magoarei mesmo assim
Mesmo sem querer
Prá saber se é amor
Eu estarei mais feliz
Mesmo morrendo de dor, yeah!
Prá saber se é amor
Se é amor
Wooou!
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu (Que eeeeeu!)
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu
Um amor maior que eeeeeu, YEah!
Maior que eu
Um amor maior que eu
Maior que eu
Um amor maior que eu...!
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Caráter e poder - Abraham Lincoln
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