quinta-feira, 17 de abril de 2014

Amor nos tempos de Cólera - Gabriel G Marquéz


Chegou a reconhecê-la no tumulto…
…através das lágrimas da dor que jamais se repetiria de morrer sem ela, 
e a olhou pela última vez para todo o sempre com os mais luminosos, 
mais tristes e mais agradecidos olhos que ela jamais vira no rosto dele em meio século de vida em comum, e ainda conseguiu dizer-lhe com o último alento:
- Só Deus sabe o quanto amei você.


in "Amor nos tempos de Cólera"

2 comentários:

Auristela Bauer disse...

Sobre todos os nossos amores (de nós que sabemos amar profundamente, por um minuto, uma hora, um dia, um ano ou noventa e nove de noventa e nove anos),só Deus sabe mesmo!!!
A pergunta é: depois que matamos, enterramos, jogamos à sete palmos, para onde vai o amor? Ainda o sentimos, como representação do passado, mas para onde vai o tudo aquilo que só Deus sabe? Onde é que se enterra o amor afinal? Quem é este coveiro detentor da chave do cemitério, de todos os amores mortos e enterrados? Porque aprisiona todo este sentimento? E porque é que alguém não levanta uma bandeira, para ressuscitar o amor? Eu não sei. Cada vez faço nascer um novo, engordo, e passou dos limites das mágoas, corto os pulsos, sangro, enterro, fico com o couro, que se não curtido, ainda curto - e não sossego, muito menos durmo, até que curado! Aí enterro, provisoriamente em qualquer canto. Não sei bem o endereço. Acho que no fundo, apenas largo.

Adélia Nenevê disse...

Auri ! que lindo o que vc escreveu ! tbém sou assim, vivo intensamente, passo dos limites, sofro, curto o luto, nem sei se enterro ou jogo fora... apenas sei que foi mais um dos muitos que hão de vir ainda... Feliz demais por tê-la aqui, quero postar textos seus nesse espaço, me manda "in box" pelo FB. bjs