sábado, 12 de fevereiro de 2011

O elogio do conhecimento - Francis Bacon

"Meu elogio será dedicado à própria mente.
A mente é o homem, e o conhecimento é a mente;
um homem é apenas aquilo que ele sabe.
(...) Não são os prazeres das afeições maiores do que os prazeres dos sentidos,
e não são os prazeres do intelecto maiores do que os prazeres das afeições?
Não se trata, apenas, de um verdadeiro e natural prazer do qual não há saciedade?
Não é só esse conhecimento que livra a mente de todas as perturbações?
Quantas coisas existem que imaginamos não existirem?
Quantas coisas estimamos e valorizamos mais do que são?
Essas vãs imaginações, essas avaliações desproporcionadas,
são as nuvens do erro que se transformam nas tempestades das perturbações.
Existirá, então, felicidade igual à possibilidade da mente do homem elevar-se
acima da confusão das coisas de onde ele possa ter uma atenção especial
para com a ordem da natureza e o erro dos homens?
De contentamento e não de benefício?
Será que não devemos perceber tanto a riqueza do armazém
da natureza quanto a beleza de sua loja?
Será estéril a verdade?
Não poderemos, através dela,
produzir efeitos dignos
e dotar a vida do homem com uma infinidade de coisas úteis?" ."


in "O Elogio do Conhecimento" (1592)

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