sábado, 12 de fevereiro de 2011

Rústica - Florbela Espanca

Ser a moça mais linda do povoado,
Pisar, sempre contente o mesmo trilho.
Ver descer sobre o ninho aconchegado
a benção do senhor em cada filho.

Um vestido de chita bem lavado,
cheirando a alfazema e a tomilho...
Com o luar matar a sede ao gado,
Dar às pombas o sol num grão de milho...

Ser pura como a água da cisterna,
Ter confiança numa vida eterna,
Ao descer a "terra da verdade"...

Meu Deus, dai-me esta calma, esta pobreza!
Dou por elas meu trono de princesa,
e todos os meus Reinos de Ansiedade.

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