terça-feira, 27 de outubro de 2009

A descoberta é a natureza da alma - John O'Donohue

A presença de uma pessoa que tem serenidade e contentamento no coração gera confiança.
Ela pode separar as tolices da conversa e selecionar o que tem de importância e valor.
Às vezes, a dignidade da calma pode levar o grupo dos presentes a um nível superior de atenção e excelência. Inversamente, ficamos constrangidos na presença de uma pessoa cuja serenidade e contentamento são forçados. Sua calma só perdura porque atua dentro de uma estrutura muito limitada de autodefesa e recusa. É difícil sentir que podemos ser nós mesmos na companhia de um anseio subjugado com tamanha eficiência. Quando abrimos o coração à descoberta, seremos chamados a sair das barreiras de conforto com que fortificamos nossa vida. Seremos chamados a arriscar velhas opiniões e idéias e a sair do círculo de rotina e imagem. Isso frequentemente acarreta turbulência. O pêndulo se fixará às vezes em uma extremidade e ficaremos sem equilíbrio. Mas a nossa alma adora o perigo de crescimento. Na sua confiança sensata, a nossa alma sempre nos recambiará a um lugar de verdadeiro e vital equilíbrio.
A própria natureza do universo nos convida a viajar e descobri-lo. A terra deseja que as nossas mentes ouçam com toda a atenção e observemos criteriosamente, para que possamos aprender os seus segredos e denominá-los. Somos os ecos da Natureza contemplativa. Um dos nossos deveres mais sagrados é ser abertos e fiéis às vozes sutis do universo que se apresentam vivas no nosso anseio. Aristóteles afirmou que a razão de podermos saber qualquer coisa é que existe uma afinidade mórfica entre nós e a Natureza. Essa é a íntima e precisa afinidade da forma. Animais, árvores, campos e marés têm outros deveres. Para isso exclusivamente fomos libertados e abençoados. Ou estamos no universo para habitar a admirável eternidade da nossa alma e nos tornamos verdadeiros ou então bem poderíamos dedicar nossos dias a fazer compras e matar o tempo assistindo programas de entrevistas.


in "Ecos Eternos"

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