Não adianta termos o que precisamos. Estamos sempre em busca de mais.
Não importa se não nos cabe, não interessa se aquilo não nos trouxer a menor alegria no final.
A verdade é que sem auto-conhecimento e sem simplicidade, a vida pode parecer pequena demais diante de tanto sonho.
E o sentimento que fica?
Uma insatisfação ali, uma inveja que volta-e-meia a gente tenta esconder. E a gente jura de pé junto que não sente nada de ruim no peito. Afinal, crescemos com a idéia de que tudo isso é feio. Muito feio. É, eu concordo que inveja é um sentimento vagabundo.
Mas, se prestarmos atenção, é possível transformar o tal pecado em algo bem mais proveitoso. Quer ver só? Sentiu um incômodo ao saber que sua amiga foi promovida e ganhou um aumento inacreditável? Bom, pra começar, sorria. De coração.
Recicle o sentimento dentro de você. Comemore com ela, pegue-a como exemplo e transforme aquelas invejazinha em pura fonte de inspiração.
Mas, entenda uma coisa: a ordem não é copiar ninguém. (Afinal, onde está sua personalidade?). Encontre seu estilo, seu jeito de lidar com a vida, suas próprias limitações. Descubra-se. Se aceite. E mãos à obra!
Eu, por exemplo, invejo deliciosamente a escritora Adélia Prado. Cada frase dela é, para mim, um abalo no meu possível orgulho, um aviso que eu ainda não estou preparada, um ensinamento contínuo de que – sim! - podemos ser melhores a cada linha.
Pois bem. Era isso o que eu queria dizer em tempos de muitos pecados e ligeiras confissões. Sentimentos pouco nobres habitam todos nós e não há como fugir disso.
O importante é o que iremos fazer com eles. E o que eles poderão fazer com a gente.
(Se deixarmos).
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