sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Presença - Mário Quintana

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente,
o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar,
a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem, nalgum móvel antigo...
Mas é preciso também que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!

Um comentário:

Sonia Schmorantz disse...

Linda escolha!
Beijo, ótimo final de semana