UMA COLETÂNEA DE PENSAMENTOS É UMA FARMÁCIA MORAL ONDE SE ENCONTRAM REMÉDIOS PARA TODOS OS MALES - Voltaire
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Espero 2011 ... - Adélia Nenevê
Em breve será 2011, e quero aprender a viver o presente, antes de tudo.
Espero não ficar sempre achando que vivo no tempo errado,
nas estações erradas, errando nas decisões...nas escolhas,
Sempre com a impressão de que cheguei tarde demais...
Espero conseguir me sentir livre,
livre das feridas, das cicatrizes que tanto tento esconder...
Quero voltar a sorrir por dentro também;
sorrir somente e sempre "por fora" cansa...
Vivo as circunstâncias que a vida me trouxe,
aceitei tudo por falta de escolha,
quando não se tem escolha,
a única saída é aceitar tudo pacificamente,
evitar mais sofrimentos e deixar os outros serem felizes.
Espero que 2011 seja a minha vez de ser feliz;
que eu viva no tempo certo,
não chegue nem cedo e nem tarde demais,
somente na hora exata,
com o coração aberto,
a coragem de novamente acreditar que também posso...
e a esperança de que tudo pode ser melhor !
Espero não ficar sempre achando que vivo no tempo errado,
nas estações erradas, errando nas decisões...nas escolhas,
Sempre com a impressão de que cheguei tarde demais...
Espero conseguir me sentir livre,
livre das feridas, das cicatrizes que tanto tento esconder...
Quero voltar a sorrir por dentro também;
sorrir somente e sempre "por fora" cansa...
Vivo as circunstâncias que a vida me trouxe,
aceitei tudo por falta de escolha,
quando não se tem escolha,
a única saída é aceitar tudo pacificamente,
evitar mais sofrimentos e deixar os outros serem felizes.
Espero que 2011 seja a minha vez de ser feliz;
que eu viva no tempo certo,
não chegue nem cedo e nem tarde demais,
somente na hora exata,
com o coração aberto,
a coragem de novamente acreditar que também posso...
e a esperança de que tudo pode ser melhor !
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Receita de Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris,
ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo,
espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha,
Você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade,
recompensa, justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo,
espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha,
Você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade,
recompensa, justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
As circunstâncias - Elizabeth Gilbeert

isso só é possível em águas paradas.’[…]
Comecei a pensar em quanto tempo da minha vida
eu gasto me debatendo de um lado para o outro como um peixão procurando o ar
ou desvencilhando-me de alguma preocupação desconfortável,
ou então saltitando alegremente em direção de mais prazer ainda.
E me perguntei se poderia ser útil para mim
(e para aqueles que carregam o fardo de me amar)
se eu conseguisse aprender a ficar parada e suportar um pouco mais,
sem me deixar sempre arrastar pela estrada esburacada das circunstâncias.
in "Comer, Rezar, Amar "
Triste realidade - Betinho
Ser e ter - Antoine Saint-Exupéry

Aqueles dizem-te:
" Eu sou este. Aquele ou aquele outro. Possuo isto ou aquilo."
Fariam melhor se te dissessem:
"Sou serrador de tábuas, sou passagem de árvore em vias de se casar com o mar.
Estou a caminho de uma festa para outra.
Pai realizado e a realizar, porque minha esposa é fecunda.
Sou jardineiro pela primavera,
porque ela me utiliza e se serve da minha pá e do meu rastelo.
Sou aquele que vai para..."
Ao passo que eles não vão para parte alguma.
E a morte não será para eles o que o porto é para o navio.
" Eu sou este. Aquele ou aquele outro. Possuo isto ou aquilo."
Fariam melhor se te dissessem:
"Sou serrador de tábuas, sou passagem de árvore em vias de se casar com o mar.
Estou a caminho de uma festa para outra.
Pai realizado e a realizar, porque minha esposa é fecunda.
Sou jardineiro pela primavera,
porque ela me utiliza e se serve da minha pá e do meu rastelo.
Sou aquele que vai para..."
Ao passo que eles não vão para parte alguma.
E a morte não será para eles o que o porto é para o navio.
O voô do tempo - Virginia Woolf

O voô do tempo que nos empurra tão tragicamente para adiante;
o monocórdio e irritante eterno,
por vezes rebentando em ferozes labaredas amarelas
como aquelas efêmeras bolas amarelas entre folhas verdes
(ela olhava as laranjeiras);
beijos em lábios que irão morrer;
o mundo girando, girando em confusão de som e calor
– embora na verdade exista a noite sossegada com seu doce palor [...].
in "O Quarto de Jacob, p. 208" Tradução de Lya Luft.
o monocórdio e irritante eterno,
por vezes rebentando em ferozes labaredas amarelas
como aquelas efêmeras bolas amarelas entre folhas verdes
(ela olhava as laranjeiras);
beijos em lábios que irão morrer;
o mundo girando, girando em confusão de som e calor
– embora na verdade exista a noite sossegada com seu doce palor [...].
in "O Quarto de Jacob, p. 208" Tradução de Lya Luft.
sábado, 25 de dezembro de 2010
O que fizeram do Natal - Carlos Drummond de Andrade

O sino toca fino.
Não tem neves, não tem gelos.
Natal.
Já nasceu o deus menino.
As beatas foram ver,
Encontraram o coitadinho
(Natal)
mais o boi mais o burrinho
e lá em cima
a estrelinha alumiando.
Natal.
As beatas ajoelharam
e adoraram o deus nuzinho
mas as filhas das beatas
e os namorados das filhas
foram dançar black-bottom
nos clubes sem presépio.
P.S. - Hoje nos bailes funks...
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
A vida é - Fernanda Young
O silêncio, o tempo... - Antoine Saint-Exupéry

te aconselham a renunciar a uma das tuas aspirações.
Tu bem sabes qual é a tua vocação, pois a sentes exercer pressão sobre ti.
E, se a atraiçoas, é a ti que te desfiguras.
Mas fica sabendo que a tua verdade se fará lentamente,
pois ela é nascimento de árvore e não descoberta de uma fórmula.
O tempo é que desempenha papel mais importante,
porque se trata de te tornares outro e de subires uma montanha difícil.
Porque o ser novo, que é unidade libertada no meio da confusão das coisas,
não se te impõe como a solução de um enigma,
mas como um apaziguamento de litígios e uma cura de ferimentos.
E só virás a conhecer o seu poder, uma vez que ele se tiver realizado.
Nada me pareceu tão útil ao homem como o silêncio e a lentidão.
Por isso os tenho honrado sempre como deuses por demais esquecidos.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
O Mapa - Mário Quintana

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(E nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
sábado, 18 de dezembro de 2010
Amigos verdadeiros - Antoine Saint-Exupéry

Ninguém pode criar velhos companheiros.
Nada vale o tesouro de tantas recordações comuns,
de tantas horas más vividas juntos, de tantas desavenças,
de tantas reconciliações, de tantos impulsos afetivos.
Não se reconstroem essas amizades.
Seria inútil plantar um carvalho na esperança de ter,
em breve, o abrigo em suas folhas.
Assim vai a vida.
A principio, enriquecemos;
plantamos durante anos,
mas os anos chegam em que o tempo destrói esse trabalho,
arranca essas arvores.
Um a um, os companheiros nos retiram sua sombra.
E aos nossos lutos mistura-se então
a mágoa secreta de envelhecer.
Dificuldades - Nicholas Sparks
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Traduzir-se - Ferreira Gullar

"Uma parte de mim
É todo mundo:
Outra parte é ninguém:
Fundo sem fundo.
Uma parte de mim:
É multidão:
Outra parte estranheza
E solidão.
Uma parte de mim
Pesa, pondera:
Outra parte
Delira.
Uma parte de mim:
Almoça e janta:
Outra parte
Se espanta.
Uma parte de mim
É permanente:
Outra parte
Se sabe de repente.
Uma parte de mim
É só vertigem:
Outra parte,
Linguagem.
Traduzir uma parte
Na outra parte
-Que é uma questão
De vida ou morte-
Será arte?"
In "Os melhores poemas de Ferreira Gullar". p.144-5
É todo mundo:
Outra parte é ninguém:
Fundo sem fundo.
Uma parte de mim:
É multidão:
Outra parte estranheza
E solidão.
Uma parte de mim
Pesa, pondera:
Outra parte
Delira.
Uma parte de mim:
Almoça e janta:
Outra parte
Se espanta.
Uma parte de mim
É permanente:
Outra parte
Se sabe de repente.
Uma parte de mim
É só vertigem:
Outra parte,
Linguagem.
Traduzir uma parte
Na outra parte
-Que é uma questão
De vida ou morte-
Será arte?"
In "Os melhores poemas de Ferreira Gullar". p.144-5
Dor - Adélia Prado
domingo, 12 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
Cansaço - Álvaro de Campos

Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço, cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
- Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser... E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
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Álvaro de Campos - heterônimo de Fernando Pessoa
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Referências - Antoine Saint-Exupéry

Vês, lá longe, o campo de trigo?
Eu não como pão. O trigo pra mim é inútil.
Os campos de trigo não me lembram coisa alguma.
E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro.
Então será maravilhoso quando me tiverdes cativado.
O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti.
E eu amarei o barulho do vento no trigo...
Eu não como pão. O trigo pra mim é inútil.
Os campos de trigo não me lembram coisa alguma.
E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro.
Então será maravilhoso quando me tiverdes cativado.
O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti.
E eu amarei o barulho do vento no trigo...
Fidelidade - Antoine Saint-Exupéry

Fica sabendo que não é em vão que eu amo o que se acha ameaçado.
Não é de deplorar que as coisas preciosas o estejam.
Eu encontro precisamente nisso uma condição da sua qualidade.
Eu amo o amigo fiel nas tentações.
Se não houvesse tentação, não haveria fidelidade, não teria eu amigos.
E eu aceito que alguns caiam, para dar valor aos outros.
Não é de deplorar que as coisas preciosas o estejam.
Eu encontro precisamente nisso uma condição da sua qualidade.
Eu amo o amigo fiel nas tentações.
Se não houvesse tentação, não haveria fidelidade, não teria eu amigos.
E eu aceito que alguns caiam, para dar valor aos outros.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Interpretação de Dezembro - C Drummond de Andrade

É talvez o menino
suspenso na memória.
Duas velas acesas
no fundo do quarto.
E o rosto judaico
na estampa, talvez.
O cheiro do fogão
vário a cada panela.
São pés caminhando
na neve, no sertão
ou na imaginação.
A boneca partida
antes de brincada,
também uma roda
rodando no jardim,
e o trem de ferro
passando sobre mim
tão leve: não me esmaga,
antes me recorda.
É a carta escrita
com letras difíceis,
posta num correio
sem selo e censura.
A janela aberta
onde se debruçam
olhos caminhantes,
olhos que te pedem
e não sabes dar.
O velho dormindo
na cadeira imprópria.
O jornal rasgado.
O cão farejando.
A barata andando.
o bolo cheirando.
O vento soprando.
E o relógio inerte.
O cântico de missa
mais do que abafado,
numa rua branca
o vestido branco
revoando ao frio.
O doce escondido,
o livro proibido,
o banho frustrado,
o sonho do baile
sobre chão de água
ou aquela viagem
ao sem-fim do tempo
lá onde não chega
a lei dos mais velhos.
É o isolamento
em frente às castanhas,
a zona de pasmo
na bola de som,
a mancha de vinho
na toalha bêbeda,
desgosto de quinhentas
bocas engolindo
falsos caramelos
ainda orvalhados
do pranto das ruas.
A cabana oca
na terra sem música.
O silêncio interessado
no país das formigas.
Sono de lagartos
que não ouvem o sino.
Conversa de peixes
sobre coisas líquidas.
São casos de aranha
em luta com mosquitos.
Manchas na madeira
cortada e apodrecida.
Usura da pedra
em lento solilóquio.
A mina de mica
e esse caramujo.
A noite natural
e não encantada.
Algo irredutível
ao sopro das lendas
mas incorporado
ao coração do mito.
É o menino em nós
ou fora de nós
recolhendo o mito.
suspenso na memória.
Duas velas acesas
no fundo do quarto.
E o rosto judaico
na estampa, talvez.
O cheiro do fogão
vário a cada panela.
São pés caminhando
na neve, no sertão
ou na imaginação.
A boneca partida
antes de brincada,
também uma roda
rodando no jardim,
e o trem de ferro
passando sobre mim
tão leve: não me esmaga,
antes me recorda.
É a carta escrita
com letras difíceis,
posta num correio
sem selo e censura.
A janela aberta
onde se debruçam
olhos caminhantes,
olhos que te pedem
e não sabes dar.
O velho dormindo
na cadeira imprópria.
O jornal rasgado.
O cão farejando.
A barata andando.
o bolo cheirando.
O vento soprando.
E o relógio inerte.
O cântico de missa
mais do que abafado,
numa rua branca
o vestido branco
revoando ao frio.
O doce escondido,
o livro proibido,
o banho frustrado,
o sonho do baile
sobre chão de água
ou aquela viagem
ao sem-fim do tempo
lá onde não chega
a lei dos mais velhos.
É o isolamento
em frente às castanhas,
a zona de pasmo
na bola de som,
a mancha de vinho
na toalha bêbeda,
desgosto de quinhentas
bocas engolindo
falsos caramelos
ainda orvalhados
do pranto das ruas.
A cabana oca
na terra sem música.
O silêncio interessado
no país das formigas.
Sono de lagartos
que não ouvem o sino.
Conversa de peixes
sobre coisas líquidas.
São casos de aranha
em luta com mosquitos.
Manchas na madeira
cortada e apodrecida.
Usura da pedra
em lento solilóquio.
A mina de mica
e esse caramujo.
A noite natural
e não encantada.
Algo irredutível
ao sopro das lendas
mas incorporado
ao coração do mito.
É o menino em nós
ou fora de nós
recolhendo o mito.
sábado, 4 de dezembro de 2010
Escrevo - Clarice Lispector
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Possível e impossível - Pearl S Buck
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Lembranças - Mia Couto
Vende-se um passado - Myriam Campello

Volto ao lar como parti, a dor intocada.
E onde é o lar?!(...)
O lar é a pessoa que amamos.
Quando esta é intragada pela escuridão, a orfandade se instala.
Para onde ir?!?(...)
Destrói-se o passado com um peteleco -
basta a porta entre duas pessoas fechar-se com um clique duro.
Mas esquecê-lo é outra história.
Vende-se um passado ainda em bom estado de conservação,
recheado de esplêndidas lembranças.
in "Como Esquecer" pág. 11
E onde é o lar?!(...)
O lar é a pessoa que amamos.
Quando esta é intragada pela escuridão, a orfandade se instala.
Para onde ir?!?(...)
Destrói-se o passado com um peteleco -
basta a porta entre duas pessoas fechar-se com um clique duro.
Mas esquecê-lo é outra história.
Vende-se um passado ainda em bom estado de conservação,
recheado de esplêndidas lembranças.
in "Como Esquecer" pág. 11
sábado, 27 de novembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Suspensão - José Saramago
terça-feira, 23 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Fim ou transformação do amor - Fernanda Young

- Quando ele é insolúvel, a vantagem é que você não terá que resolver algo que não tem como ser resolvido.
- Tipo o quê?
- Tipo o fim do amor. Para os mais jovens, o fim do amor pode ser resolvido com o término do casamento. Inclusive, acho isso uma grosseria... Isso que não entendo nesse assunto de abismo... desculpa, filha, mas abismo é viver. Não estamos à beira dele, estamos nele. E todo mundo age como se fosse um herói por contornar crises, por meio do debate, ou não. Todo mundo vai fazer análise, justamente para não olhar para a pessoa ao lado e dizer: eu tenho vontade de vomitar quando escuto os teus passos. E isso não se diz numa conversa. Você não pode virar para a mãe dos seus filhos e falar: "olha, eu não te odeio, te desejo tudo de melhor , mas eu não te amo mais." Sem que isso venha cheio de acusações. Quando, no fundo, no fundo o amor não dura.
E nem me venham em falar que o que não dura é paixão. A idéia do amor está lá, faz parte da nossa cultura, essa tal transformação do amor. Podemos dizer: eu não te amo como te amei,
mas esse amor se transformou, e eu amo ver televisão com você, eu amo saber que, se eu tiver um treco e ficar todo cagado, você me limpará. Isso é que é indiscutível.
O amor não se transforma, ele se esgota, e a gente vai levando, por vários motivos.
E, saibam, muitos desses motivos não são nada nobres.
in "Tudo que você não soube"
Um futuro - Caio f Abreu
Pergunto então para a tarde suja atrás dos vidros,
e me sinto reconfortado,
como se houvesse qualquer coisa
feito um futuro à minha espera.
e me sinto reconfortado,
como se houvesse qualquer coisa
feito um futuro à minha espera.
"in Morangos Mofados"
sábado, 20 de novembro de 2010
Amadurecimento ? - Clarice Lispector
Vida que me perturba
e deixa o meu próprio coração trêmulo
sofrendo a incalculável dor
que parece ser necessária ao meu amadurecimento
- amadurecimento?
Até agora vivi sem ele!
(....) Aceitar-me plenamente?
é uma violentação de minha vida.
Cada mudança,
cada projeto novo causa espanto:
meu coração está espantado.
É por isso que toda a minha palavra
tem um coração onde circula sangue.
in "Um sopro de Vida"
e deixa o meu próprio coração trêmulo
sofrendo a incalculável dor
que parece ser necessária ao meu amadurecimento
- amadurecimento?
Até agora vivi sem ele!
(....) Aceitar-me plenamente?
é uma violentação de minha vida.
Cada mudança,
cada projeto novo causa espanto:
meu coração está espantado.
É por isso que toda a minha palavra
tem um coração onde circula sangue.
in "Um sopro de Vida"
Velhice - Mia Couto
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Poema das árvores - António Gedeão
E a sós florescem.
Começam por ser nada.
Pouco a poucose levantam do chão,
se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos,
e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós. De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.
Começam por ser nada.
Pouco a poucose levantam do chão,
se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos,
e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós. De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Ande logo ! - Ana Cañas
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Sertão e solidão - Guimarães Rosa
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Para refletir - Virginia Woolf
Bela infância - Dostoiévski
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Silêncio - Clarice Lispector

entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia
por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir -
nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.”
in "Dá-me a Tua Mão"
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