quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vento novo - Flora Figueiredo

Estava enrolada em teias e traças,
debaixo da escada,
lá no subsolo da casa fechada.
Começava a tomar ares de desgraça.
Manchada do tempo,
fenecia a esperar que um dia
alguma coisa acontecesse.
Antes que se perdesse completamente,
sentiu passar um vento cor-de-rosa.
Toda prosa, espanou a bruma,
pintou os lábios e
sem vergonha nenhuma
caprichou no recorte do decote.
A felicidade volta à praça cheia de dengo e de graça,
com perfume novo no cangote.

Nenhum comentário: