quinta-feira, 2 de julho de 2009

Errante - Florbela Espanca

Meu coração da cor dos rubros vinhos
Rasga a mortalha do meu peito brando
E vai fugindo, e tonto vai andando
A perde-se nas brumas do caminho.
Meu coração o mistico profeta
O paladino audaz da desventura,
que sonha ser um santo, e um poeta,
Vai procurar o paço da ventura.
Meu coração não chega la decerto
Não conhece o caminho nem o trilho,
Nem a memoria desse sitio incerto
Eu tecerei uns sonhos irreais
Como essa mãe que viu partir o filho,
Como esse filho que não voltou mais.

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